Doenças alérgicas
Espirros, nariz a pingar, olhos vermelhos, tosse e comichão na pele. Estes são os sintomas das alergias que mais frequentemente assolam as pessoas que delas sofrem com a chegada da Primavera.
A reacção alérgica é uma das consequências possíveis do funcionamento do sistema imunológico do ser humano, que se defende desta forma dos numerosos micróbios e substâncias presentes nos alimentos, no ar e nos objectos. Essas substâncias (antigénios) são identificadas como estranhas ao organismo pelo sistema imunológico, através de proteínas especiais que circulam no sangue e em todos os líquidos orgânicos, os anticorpos, ajudando a captar e eliminar os antigénios invasores.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), há cerca de 30 anos, descobriu-se que as pessoas com alergia produzem um anticorpo especial (imunoglobulina E - IgE). E fazem-no para substâncias inofensivas e banais no ambiente: pólens de plantas, componentes do pó da casa, alimentos como o leite ou os ovos, etc.
São os chamados alergénios. Uma vez produzida, esta IgE liga-se a células especiais (mastócitos) muito abundantes na pele e nas mucosas (o revestimento do aparelho respiratório e do tubo digestivo) à espera do seu alergénio.
Edema de Quincke
A principal complicação relacionada com o edema de Quincke é a respiratória, que surge bruscamente e se caracteriza por um inchaço considerável (edema) na pele, cara e mucosas da boca e garganta. O risco de asfixia é elevado devido ao inchaço da glote, sendo, portanto, o tratamento muitíssimo urgente.
Eczema
Surge quando há uma inflamação na pele que provoca prurido (comichão). Nem todos os eczemas são de origem alérgica, mas nesta situação destacam-se três variantes:
· . Eczema do lactente Manifesta-se entre o 3º e o 4º mês de vida, e normalmente cura-se de forma espontânea. É, muitas vezes, hereditário.
. Eczema constitucional É um tipo crónico de eczema que se pode formar na infância ou mesmo na idade adulta, estando ligado a uma alergia semitardia. Também pode ter origem hereditária.
· Eczema de contacto Tem origem num alergénio fixo à pele ou a uma mucosa. De início, encontra-se localizado. Todavia, tem tendência a alastrar.
Urticária
É uma erupção cutânea súbita. Apesar de poder ser confundida com o eczema, o prurido é fácil de discernir (sensação de dor aguda, semelhante à picada de urtiga, daí o nome).
Asma
Divide-se em dois tipos: asma atópica e não atópica:
· Asma atópica – Imunologicamente, é uma hipersensibilidade semitardia a anticorpos circulantes, manifestando-se após a fixação de um determinado alergénio no chamado órgão – alvo, ou seja, no tecido que recebe o alergénio (preferencialmente a mucosa brônquica).
· Asma não atópica – Surge em indivíduos de idade mais avançada e pode não ter a alergia como causa inicial. Quando intervém a alergia o fenómeno imunitário é uma hipersensibilidade tecidular.
Alergia Alimentar
Alergia alimentar é uma resposta exagerada a uma determinada substância (alérgeno) existente nos alimentos. Pode haver comprometimento da pele do sistema gastrointestinal e/ou respiratório.
A incidência é maior nos pacientes portadores de doenças alérgicas como dermatite atópica, asma e rinite alérgica.
Os alimentos que frequentemente desencadeiam alergia são: leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixe, crustáceos e amendoim.
Reações a aditivos alimentares (corantes e outros) raramente desencadeiam reações.
Os principais são tartrazina(corante), encontrados em gelatinas, balas e sucos artificiais, glutamato monossódico, usado como tempero, e os sulfitos usados como conservantes de alimentos.
Alérgenos Inaláveis
Poeira doméstica e Ácaros
A poeira doméstica e os ácaros constituem-se nos mais importantes alérgenos. A poeira domiciliar é a que fica acumulada nos sofás, camas, tapetes, bichos de pelúcia, cortinas e etc.
A poeira de rua ou de estrada não é considerada alergizante, isto é, não é capaz de desencadear um processo alérgico, pois é composta de partículas minerais que atuam apenas como irritantes sobre o aparelho respiratório.
A poeira domiciliar é composta por uma mistura de matérias orgânicos e inorgânicos. Entre outros encontramos: ácaros, insetos, pelos e descamação da pele de animais e humanos.
Barata e restos de insetos
Escamas, pelos e emanações de insetos podem produzir sintomas no aparelho respiratório.
A barata doméstica foi identificada como um importante aeroalérgeno, principalmente em regiões de clima tropical. Os alérgenos principais encontram-se nas fezes, saliva, descamação e na secreção (gosma) que as baratas produzem e são espalhadas por onde elas caminham. As fezes, secreções e os corpos misturam-se a poeira.
São duas as espécies mais comuns encontradas no nosso meio: Periplaneta americana (barata vermelha grande) e Blatella germânica (barata pequena doméstica).
Lã
A lã tratada é pouco alergênica (raramente produz alergia). Já a lã não tratada é um potente alérgeno, desencadeando comumente asma em trabalhadores, e em pessoas que moram em regiões próximas as indústrias.
Seda
A seda é um potente alérgeno. Entre os sericicultores encontram-se freqüentemente casos de sensibilização.
Pena
Penas de ganso, galinhas, patos, e outras aves são potentes alérgenos. A sensibilização pode ser especifica para determinado tipo de ave ou haver reação de grupo a todos os tipos de penas.
Fungo
Fragmentos de micélios e esporos são alérgenos inalantes comuns. São encontrados em suspensão no ar nos dias úmidos, nos ambientes fechados como sótão, porões, armários e malas, e também nas regiões próximas ao mar.
Pólen
São grãos microscópicos destinados a fecundação das plantas. Certas espécies de pólens são carregadas pelo vento durante o período de polinização, e por estarem dissipados no ar, podem ocasionar alergia respiratória.
Os grãos de pólens produzem alergia respiratória. A doença polínica chamada de “febre do feno” é mais freqüente em determinadas regiões da Europa, Argentina e nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos a espécie que mais provoca polinose é a Ambrósia (Ragweed). No Brasil foram descritos casos de polinose em algumas regiões do sul do país.
Algodão
A sensibilidade aos tecidos de algodão é rara, sendo mais freqüente haver sensibilização ao algodão bruto, dos recheios de poltronas, travesseiros e edredons. Estes, quando umedecidos constituem excelente ambiente para o desenvolvimento de fungos e ácaros. Pacientes alérgicos ao algodão também podem reagir ao óleo de algodão usado em alimentos.
Paina e Linho
Pertencem a mesma família vegetal do algodão. Portanto pacientes alérgicos a algodão podem também ser a paina e linho.
A paina é usada em recheio de travesseiros e almofadas, principalmente no interior do Brasil.
O linho raramente ocasiona alergia. Acomete mais os trabalhadores em tecelagem.
Crina Vegetal e Taboa
São usados no interior do país em recheios de travesseiro. A crina é mais sensibilizante do que a taboa.
Camomila
Alergizante por inalação. Conhecido como macela ou marcela. Usado no interior do Brasil como recheio de travesseiro.
Tabaco
A alergia ao tabaco, propriamente dita, é rara. A piora dos sintomas respiratórios quando o paciente tem contato com fumaça de cigarro deve-se a sua ação irritante na mucosa sensível, característica do alérgico.
Serragem de madeira
A serragem provoca sintomas principalmente trabalhadores em serraria, sendo freqüente a sensibilização a serragem de cedro e mogno.
Farinha de cereais
Os pacientes podem manifestar sintomas através da inalação direta de farinhas de cereais (trigo, aveia, cevada) ou indiretamente através de insetos e fungos que neles se desenvolvem.
Alergia ao Látex
O látex, produto derivado da seringueira Hevea brasiliensis, é usado na fabricação da borracha natural, matéria prima de pneus de automóveis, luvas de borracha, balões de festas infantis, preservativos, entre outros.
Somente a borracha natural ou outros produtos utilizados no processamento do látex são passíveis de sensibilização pelo paciente alérgico, que não corre o mesmo risco com os produtos derivados da borracha sintética.
Alguns pacientes alérgicos a látex, podem também apresentar reações ao ingerirem certos alimentos. Destacam-se, entre eles: abacate, kiwi, banana, batata, tomate, castanha, mamão, abricó, figo, melão, cogumelo, manga, abacaxi, pêssego, pêra, maçã, cereja, trigo, aipo nabo, espinafre, uva, maracujá, damasco.
A alergia ao látex pode se manifestar desde uma dermatite de contato até um choque anafilático. Deve, portanto, ser feito diagnótico e orientação médica para garantir que não haja riscos a saúde do paciente.
Vale lembrar que acompanhando o aumento de casos de alergia ao látex, e por recomendação da Academia Americana de Alergia e Imunologia, alguns hospitais e clínicas adotaram ambientes “latex free”, locais em que não é permitido a manipulação com luvas de látex e o ambiente é constantemente higienizado.
Alergia a Medicamentos
O uso abusivo de medicamentos, observado nos últimos anos, tem contribuído para aumentar a incidência de “reações adversas a drogas”.
Essas reações são mais freqüentes no sexo feminino, na meia idade e nos pacientes idosos, sendo mais raro na infância.
A definição de “hipersensibilidade a drogas” abrange todas as reações adversas independente do mecanismo fisiopatológico, porém o termo alergia refere-se quando há participação do sistema imunológico.
Os antibióticos respondem pela maioria das reações de hipersensibilidade, em segundo lugar vem os antiinflamatórios não hormonais. Com menor freqüência alguns medicamentos anti-hipertensivos, os relaxantes musculares, os anestésicos locais e os contrastes.
A alergia a drogas apresenta quadros clínicos muito diversos, podendo atingir qualquer órgão do corpo humano, embora já se saiba que 80% das reações alérgicas tenham envolvimento cutâneo.
Diagnóstico
Deve ser feito por profissional especializado na área, por meio do histórico clínico. Nos casos de prova de provocação, o diagnóstico pode apresentar riscos ao paciente, e em razão disto, recomenda-se seja efetuada em ambiente hospitalar.
Alergia a Picada de Insetos
As manifestações alérgicas a picada de insetos podem ser desde as mais leves como a causada pela picada de insetos sugadores chamados hematófagos, até reações anafiláticas graves, causadas pelo veneno de himenópteros.
Alergia à picada de hematófagos
Caracteriza-se por uma manifestação freqüente na infância (04 meses a 8 anos de idade), chamada estrófulo, ocasionada por reação a picada de insetos sugadores chamados hematófagos. Esse insetos sugam o sangue e inoculam no local substâncias salivares capazes de desencadear reações alérgicas.
Os pernilongos e as pulgas (presentes no ser humano, cães e gatos) são os mais freqüentes causadores do estrófulo. Outros insetos, como borrachudos, mosquito palha, mutucas, mosquito pólvora, raramente causam estrófulo.
Fato interessante é que a pulga do cão só pica o homem quando o cão for afastado do ambiente, a preferência sempre será para o cão. Por isto, muitas vezes o afastamento do animal do ambiente pode levar a piora do quadro de estrófulo na criança.
A localização das lesões depende do vetor. Os mosquitos provocam lesões em áreas expostas (pernas, braços e face) e as pulgas atingem as áreas cobertas como abdômen, nádegas e tronco. O prurido é intenso, podendo, pela coçadura, levar a infecção bacteriana.
Diagnóstico
Dá-se através do exame físico e laboratorial por testes alérgicos e IgE especifico.
Tratamento
a. Profilático
*Usar repelentes e inseticidas
*Fazer uso de telas em janelas
*Manter os animais livres de pulgas
*Eliminar águas paradas
*Usar vitamina B1 via oral, responsável por eliminar na pele um odor repelente
b. Sintomático
*Fazer uso de antihistamínicos (antialérgicos) via oral
*Realizar a limpeza das lesões com soluções anti-sépticas
*Caso seja necessário utilizar de medicamentos tópicos: corticosteróides, e antibióticos.
Pode ser usado com o intuito de abreviar a evolução da doença.
Alergia à picada de himenópteros
Os insetos que injetam veneno capaz de provocar reações alérgicas pertencem ao filo dos Artrópodes, ordem Hymenoptera, tais sejam: vespas, abelhas e formigas, destacando-se, neste último grupo, as formigas de fogo "Solenopsis invicta" (formiga fogo) e a "Solenopsis ritcheri".
No Brasil as abelhas domésticas são uma mistura de abelhas européias ("Apis mellifera") com as abelhas africanas ("Apis mellifera scutellata"), e no que se refere as vespas, a espécie mais comum é a "Polister sp", menos agressiva do que a européia ("Vespula sp").
A reação à picada depende de cada indivíduo e da dose do veneno inoculado, podendo variar em níveis de gravidade, desde pequenas irritações locais até quadros graves, como a urticária, crises de broncoespasmo (dificuldade respiratória) ou choque anafilático.
Diagnóstico
Feito basicamente através da história relatada pelo paciente, testes cutâneo alérgicos e pesquisa de IgE especifica ao veneno.
A dificuldade no diagnóstico decorre do fato da maioria dos extratos serem provenientes de outros países e portanto, inadequados ao nosso meio, por existir diferenças entre as espécies. Além disso, devido ao risco, os testes devem ser realizados em ambiente hospitalar.
Tratamento
a. Profilático
- Evitar locais onde possa existir grande quantidade desses insetos.
- Evitar uso de perfumes de aroma marcante, que costumam atrair esses insetos.
- Evitar andar descalço, no caso de alergia a picada de formigas.
Obs. Pacientes de alto risco alérgico devem carregar sempre materiais de primeiros socorros (anti-histamínicos, corticosteróides sistêmicos e até mesmo adrenalina auto-injetável).
b. Medicamentoso
*Retirar o ferrão e aplicar gelo no local ferroada
*Usar corticosteróide local ou sistêmico (via oral ou injetável)
*Aplicar anti-histamínicos sistêmicos (via oral ou intramuscular)
Obs. Se a reação for muito intensa, deve-se prontamente encaminhar o paciente ao hospital.
Existem algumas dificuldades quanto ao tratamento imunoterápico, tais como o alto custo do procedimento, elevada incidência de reações adversas e indeterminação do tempo de eficácia. Deve-se verificar a conveniência ou não de se instituir o tratamento imunoterápico.
https://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/biologia/12doencasdesiqsistimun.htm
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